O Que Realmente Aconteceu com Juliana Marins: Cronologia da Tragédia e o Que os Laudos Revelam

Laudos do IML do Brasil e da Indonésia indicam que a mochileira sobreviveu por poucos minutos após queda no Monte Rinjani; imagens de drones mostram trajetória até o local da morte

 Juliana Marins caiu no Monte Rinjani em 21 de junho; laudos apontam que ela morreu 15 a 20 minutos após a terceira queda, e imagens indicam movimentações antes do óbito.


A morte da publicitária e mochileira Juliana Marins, de 26 anos, ganhou novos contornos após a divulgação do laudo do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro. O documento, alinhado ao relatório produzido na Indonésia, confirma que a jovem morreu entre 10 a 20 minutos após a terceira e fatal queda no Monte Rinjani, ilha de Lombok. Com base em registros feitos por drones e nas análises forenses, é possível reconstruir, com precisão quase cirúrgica, os últimos momentos da brasileira antes do resgate — que chegou tarde demais.


A primeira queda e o início da espera por socorro

Juliana iniciou a trilha rumo ao topo do Monte Rinjani no dia 21 de junho. Por volta das 6h30 (horário local), ela sofreu uma queda de aproximadamente 90 metros por uma encosta íngreme. Apesar da gravidade, ela sobreviveu à primeira queda, como mostram imagens feitas por turistas com drones: Juliana aparece sentada na areia da cratera, aparentemente consciente, olhando para cima. Estava em um ponto visível da trilha, o que gerou esperança de um resgate rápido.


As imagens e os deslocamentos: uma sucessão de quedas

Nos dias seguintes, novas imagens aéreas registraram mudanças na posição de Juliana. Em um segundo momento, ela aparece mais próxima de uma fenda na beira de um penhasco, sugerindo que teria tentado se deslocar — e sofrido uma segunda queda.

A terceira e última imagem, feita já no dia do resgate, mostra Juliana caída alguns metros adiante da fenda, deitada de bruços e imóvel. A análise dos vídeos permite deduzir que a terceira queda, mais severa, foi a que resultou nos ferimentos fatais.


A cronologia dos fatos segundo os laudos

Tanto o laudo da Indonésia, feito pelo Hospital Bali Mandara, quanto o novo laudo do IML Afrânio Peixoto, no Rio de Janeiro, apontam múltiplas fraturas — principalmente no tórax, costas e órgãos vitais. A causa da morte foi trauma contundente e hemorragia interna maciça. Não houve tempo para o corpo entrar em estado de hipotermia: Juliana morreu entre 15 e 20 minutos após a terceira queda.

A estimativa oficial de morte aponta para o período entre 1h15 do dia 23 e 1h15 do dia 24 de junho, ou seja, dois dias após a primeira queda. Isso indica que ela resistiu por algum tempo após os primeiros ferimentos e que, se tivesse sido resgatada ainda no primeiro dia, poderia ter sobrevivido.


O resgate e as dificuldades

Juliana foi finalmente encontrada no dia 24 de junho, já sem sinais vitais. A equipe de resgate, impedida de usar helicópteros devido à neblina e aos ventos fortes, precisou chegar ao local por trilhas íngremes. Ao alcançar o ponto onde ela estava caída, os socorristas constataram que já não havia mais o que fazer.

Mesmo diante das dificuldades logísticas, familiares e internautas questionaram se houve falhas no tempo de resposta das autoridades locais. A irmã de Juliana, que acompanhou a chegada do corpo ao Brasil e a necropsia no Rio, reforçou a necessidade de investigação sobre o tempo de mobilização do resgate.


Uma tragédia que ainda levanta perguntas

A cronologia dos fatos, agora reconstruída com base em laudos oficiais e imagens reais, revela uma tragédia em três atos: a queda, a tentativa de resistir e a morte. Juliana não morreu no momento do acidente — ela agonizou por horas, talvez dias, antes de sofrer o impacto final. O tempo entre as quedas e o resgate pode ter custado sua vida.

Sua morte acende um alerta sobre a falta de protocolos eficientes de resgate em regiões turísticas de risco, especialmente para viajantes estrangeiros. A comoção nacional e os questionamentos sobre o socorro tardio mostram que essa não é apenas uma história de luto, mas também um chamado por mudanças reais.

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