SINDICATOS REPUDIAM BOLSONARO POR EXPOR OFICIAL DE JUSTIÇA EM VÍDEO NA UTI
Entidades denunciam abuso e violação de direitos após ex-presidente divulgar vídeo de intimação hospitalar
As imagens na interpretação do sindicato mostra a funcionária pública sendo exposta e constrangida - Foto: Imagem - internet |
Oficial de Justiça foi filmada sem consentimento ao cumprir ordem do STF; vídeo gerou indignação e reação sindical.
Sindicatos de oficiais de Justiça reagiram com veemência nesta quinta-feira, 24, ao vídeo divulgado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que mostra o momento em que ele é intimado por uma oficial de Justiça na UTI do hospital DF Star, em Brasília. As entidades classificaram o ato como uma tentativa de constrangimento público contra uma servidora no exercício do seu dever. “Justiça se cumpre, não se constrange”, afirmaram em nota conjunta.
A oficial de Justiça Cristiane Oliveira compareceu ao leito de Bolsonaro para cumprir ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), informando o ex-presidente sobre o início da ação penal por tentativa de golpe e o prazo para apresentação de defesa. O STF esclareceu que, diante da internação, a orientação era aguardar momento adequado. Contudo, após Bolsonaro realizar uma live no dia 22, considerou-se viável a intimação.
No vídeo divulgado, Bolsonaro questiona a servidora e insiste para que ela declare que a ordem foi do ministro Alexandre de Moraes. Em tom irônico, chega a comparar a ação judicial à perseguição nazista, mencionando os tribunais de Hitler.
A gravação, feita sem autorização, foi denunciada por entidades como o Sindicato Nacional dos Oficiais de Justiça Federais (Sindojaf) e a União dos Oficiais de Justiça do Brasil (UniOficiais/Br). Segundo as instituições, o vídeo compromete a imagem da servidora e representa uma tentativa deliberada de expô-la ao julgamento público, o que configura violação de direitos e abuso.
“É inaceitável que uma manifestação de insatisfação com o Judiciário resulte em ataques pessoais e tentativas de desmoralização de quem apenas cumpre seu dever legal”, diz o comunicado. As entidades destacam ainda que esse tipo de atitude enfraquece o respeito às instituições e coloca em risco a integridade de servidores.
Em paralelo, o pastor e aliado político de Bolsonaro, Silas Malafaia, também publicou um vídeo com ataques ao STF e, em especial, ao ministro Alexandre de Moraes. O líder religioso disse que Bolsonaro não poderia ser intimado enquanto estivesse na UTI e acusou o Judiciário de sabotar o projeto político da direita. Entre xingamentos e provocações, Malafaia criticou o atual cenário político, afirmando que o país está “uma bagunça”.
Não é a primeira vez que Malafaia parte publicamente para ataques contra o Supremo. Ele já esteve envolvido em outras polêmicas por defender abertamente Bolsonaro e criticar decisões judiciais contrárias aos interesses do grupo político do ex-presidente.
Enquanto isso, cresce a pressão por respeito ao trabalho dos oficiais de Justiça, que, segundo os sindicatos, têm sido constantemente alvos de intimidações e campanhas difamatórias ao apenas executarem ordens judiciais estabelecidas pelas instituições competentes.
Jesus curava doentes. Já o Silas Malafaia vai no hospital chamar Ministro do STF de 'desgraçado'. pic.twitter.com/gCwaUUeVAE
— Pedro Ronchi (@PedroRonchi2) April 23, 2025
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