Tradição movimenta o Santuário Nacional da entidade no Rio de Janeiro, símbolo da malandragem, proteção e justiça nas ruas

Foto: Mayra Castro | Reprodução

Centenas se reuniram na Lapa nesta segunda (7) para homenagear Zé Pelintra, entidade cultuada em religiões afro-brasileiras e símbolo de proteção nas ruas.

Nesta segunda-feira, 7 de julho, centenas de devotos se reuniram no tradicional bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, para celebrar o Dia de Zé Pelintra, figura emblemática das religiões afro-brasileiras e presença constante na cultura popular de ruas, bares, mercados e pontos de jogo do Brasil.

A movimentação se concentrou no Santuário Nacional de Zé Pelintra, que fica na própria Lapa — reduto boêmio e espiritual da cidade. Os fiéis chegaram cedo, levando flores, charutos, bebidas e outros itens de oferenda, enquanto entoavam pontos cantados em homenagem à entidade. A celebração, marcada por emoção e respeito, rendeu homenagens a quem é visto como protetor daqueles que vivem e trabalham nas ruas, como ambulantes, camelôs, boêmios, artistas e até mesmo os que vivem à margem do sistema.

A data foi oficializada em setembro de 2022, por meio da Lei nº 7.549/2022, proposta por iniciativa do então deputado federal Átila Nunes, em parceria com o atual deputado Tarcísio Motta. A lei instituiu oficialmente o 7 de julho como o Dia de Zé Pelintra no calendário do estado do Rio de Janeiro, reforçando o reconhecimento cultural e religioso da figura, principalmente dentro da Umbanda e da Jurema sagrada.

🕴️ Quem é Zé Pelintra?

Zé Pelintra é uma entidade complexa e profundamente brasileira. Originado nas tradições da Jurema sagrada do Nordeste, foi posteriormente incorporado à Umbanda, ganhando o arquétipo do malandro de terno branco, chapéu panamá e fala mansa, que vive entre o bem e o mal — mas sempre em busca de justiça e equilíbrio.

Ao mesmo tempo em que se apresenta como boêmio e sedutor, Zé Pelintra é respeitado por sua seriedade, sabedoria e senso de justiça. É considerado um protetor dos fracos, alguém que entende as dores dos humildes, dos que batalham no dia a dia para sobreviver.

A celebração deste ano não apenas reforça a fé dos devotos, mas também destaca a importância de manter vivas as tradições populares e religiosas do Brasil. Para muitos, Zé Pelintra não é apenas uma entidade espiritual: é um companheiro de caminhada, um conselheiro e uma força invisível que os guia nas esquinas da vida.