ENTREGADOR MORRE APÓS CONTAMINAÇÃO DURANTE HEMODIÁLISE EM CLÍNICA DE SÃO GONÇALO

Paciente de 29 anos estava internado há 18 dias na UTI após contato com produto químico usado na limpeza de equipamentos médicos

Foto: reprodução

O entregador Bruno Rodrigues Ventura dos Santos, de 29 anos, morreu nesta segunda-feira (8) após permanecer 18 dias internado na UTI do Pronto Socorro Central Dr. Armando Gomes de Sá Couto, em São Gonçalo. O caso teve início no dia 20 de agosto, quando o jovem passou mal durante uma sessão de hemodiálise na clínica Nice Diálise, no bairro São Miguel.

De acordo com familiares, Bruno foi contaminado por ácido peracético, substância usada na higienização de equipamentos médicos, que teria entrado em contato com a máquina utilizada no procedimento. Morador de Maricá, ele foi transferido para São Gonçalo pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).

A irmã da vítima, Vitória, confirmou a morte pelas redes sociais. “É com profunda tristeza que informamos que nosso querido Bruno não resistiu e partiu hoje para morar com Deus. Ele lutou bravamente até o fim, e agora descansa em paz nos braços do Senhor”, escreveu.

O pai, Márcio Luiz dos Santos, relatou o sofrimento da família. “Ele lutou por 18 dias. Um dia melhorava, no outro piorava. Mas teve uma infecção e não aguentou”, disse.

O laudo médico apontou que a contaminação provocou hemorragia cerebral, edema e insuficiência respiratória aguda. Bruno foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros ainda no dia do procedimento, já inconsciente, e permaneceu em coma induzido até a morte.

A Polícia Civil investiga o caso, inicialmente registrado como lesão corporal por imperícia. Com a morte do paciente, a tipificação será alterada. O delegado Fábio Luiz Souza, da 72ª DP (São Gonçalo), informou que as oitivas estão na fase final e que quase todos os envolvidos já prestaram depoimento.

O boletim de ocorrência cita que o erro ocorreu durante a troca de profissional responsável pela diálise. Familiares disseram à polícia que o diretor técnico da clínica admitiu a falha e reconheceu a presença de resíduos do ácido na máquina.

A Secretaria Estadual de Saúde informou que a Vigilância Sanitária esteve no local e que uma investigação administrativa está em andamento. Apesar de funcionar credenciada ao SUS, o convênio da unidade com São Gonçalo foi encerrado em abril deste ano.

Documentos da apuração revelam ainda que o certificado de regularidade da clínica estava vencido desde junho. O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) confirmou que o diretor técnico possui registro ativo e abriu sindicância para apurar responsabilidades.

A Prefeitura de São Gonçalo divulgou nota de pesar e solidariedade à família de Bruno, afirmando que está à disposição para oferecer apoio aos parentes.


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