URNAS CLANDESTINAS DO TRÁFICO SÃO ENCONTRADAS DURANTE MEGAOPERAÇÃO NA MUZEMA
Polícia descobre caixas usadas por criminosos para arrecadar dinheiro do tráfico em comunidades do Rio
Durante ação conjunta das polícias Civil e Militar, urnas foram apreendidas na Muzema; esquema visava esconder cobrança de extorsões pelo Comando Vermelho.
Uma megaoperação policial realizada nesta sexta-feira (10) revelou um esquema inusitado montado por traficantes do Comando Vermelho (CV) na Muzema, Zona Sudoeste do Rio de Janeiro. Agentes das polícias Civil e Militar encontraram urnas clandestinas utilizadas para o depósito de dinheiro extorquido de moradores e comerciantes. Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, as caixas eram usadas para arrecadar os valores cobrados pelo tráfico, sem que os responsáveis pelas cobranças precisassem se expor. “Foi encontrada uma urna na Muzema, onde as pessoas extorquidas pelo tráfico de drogas tinham que colocar os valores a pagar para a facção criminosa”, explicou o secretário.
De acordo com as investigações, o sistema foi criado após diversas prisões de cobradores do tráfico, com o objetivo de evitar flagrantes e dificultar o trabalho da polícia. As urnas foram descobertas durante ações simultâneas em quinze comunidades do Grande Rio, que fizeram parte da Operação Contenção, uma ofensiva permanente voltada para enfraquecer a estrutura financeira e logística do Comando Vermelho. O balanço da operação apontou sete suspeitos mortos em confrontos, dezenove presos, dez fuzis e duas granadas apreendidos, além da retirada de onze toneladas de barricadas.
As ações ocorreram em diferentes regiões do estado, incluindo a Cidade de Deus, o Morro do Juramento em Vicente de Carvalho, o Complexo da Mangueirinha em Duque de Caxias, Gardênia Azul, Rio das Pedras, Tijuquinha, Chacrinha na Praça Seca, Morro do Banco no Itanhangá e Vila Kennedy, entre outras localidades. Segundo a Polícia Militar, seis dos criminosos mortos estavam no Morro do Juramento, onde equipes do 41º BPM foram recebidas a tiros. Outro suspeito foi morto no Complexo da Mangueirinha, onde também ocorreram cinco prisões.
Foto: divulgação |
A Operação Contenção vem sendo executada desde abril e tem como principal meta bloquear os recursos financeiros da facção e desarticular o seu braço logístico. De acordo com a Polícia Civil, desde o início das ações, noventa e oito criminosos foram presos e dez neutralizados. Entre os alvos da ofensiva estava Ygor Freitas de Andrade, conhecido como Matuê, chefe do tráfico nas comunidades da Gardênia Azul e da Chacrinha, morto em confronto com as forças de segurança na quinta-feira (9).
Na Zona Oeste, a Clínica da Família de Rio das Pedras manteve o atendimento, mas suspendeu as visitas domiciliares por segurança. Em Duque de Caxias, escolas e creches municipais precisaram interromper as aulas devido aos tiroteios. Segundo o secretário Felipe Curi, a comunidade da Chacrinha funcionava como base estratégica do Comando Vermelho. “É a partir desse ponto que os criminosos partem para expandir a atuação na Zona Oeste”, afirmou. O clima nas comunidades segue tenso, e as forças de segurança continuam mobilizadas para reduzir o poder econômico e territorial das facções que ainda controlam diversas áreas do Rio de Janeiro.
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