PARALISAÇÃO POR FALTA DE DIESEL ATINGE ÔNIBUS NO RIO E EXPÕE NOVA CRISE NO TRANSPORTE
Empresas Real Auto Ônibus e Transportes Vila Isabel interrompem circulação e motoristas denunciam atrasos salariais e descumprimento de direitos trabalhistas
Paralisação por falta de diesel deixou dezenas de ônibus fora de operação no Rio. Motoristas relatam salários atrasados, FGTS não pago e clima de insegurança no serviço.
Uma paralisação afetou o transporte público do Rio de Janeiro no início da manhã desta segunda-feira (29), após as empresas Real Auto Ônibus e Transportes Vila Isabel suspenderem parte da operação por falta de diesel para abastecimento da frota. As duas empresas integram o consórcio Intersul, e a Real também atua no Transcarioca.
De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, cerca de 60 ônibus ficaram parados nas garagens nas primeiras horas do dia. Por volta das 7h, a circulação começou a ser retomada de forma parcial. Às 9h30, foi registrada a chegada de um caminhão-tanque à garagem, iniciando o reabastecimento dos veículos.
Em nota, o grupo empresarial informou que o fornecimento de combustível foi normalizado gradativamente e que a liberação da frota ocorreria de forma progressiva ao longo da manhã.
Apesar da justificativa oficial apontar a falta de diesel, motoristas relatam que o problema vai além do abastecimento. Funcionários denunciam atrasos salariais, não pagamento de FGTS, férias e benefícios, além de condições precárias de trabalho.
Um motorista da Real Auto Ônibus, que preferiu não se identificar, afirmou que já enfrentou crises de ansiedade e situações de conflito com passageiros devido à precariedade dos veículos e aos salários atrasados. Segundo ele, funcionários que saíram de férias em outubro ainda não receberam os valores devidos e há relatos de bloqueio ao trabalho de quem se recusa a assinar férias vencidas.
O condutor também relatou que faltou diesel no domingo (28), mas o impacto foi menor por se tratar de fim de semana, quando a frota já opera de forma reduzida. Ainda segundo o motorista, funcionários chegaram à garagem às 4h e aguardaram até 9h30 para o início do abastecimento.
A paralisação desta segunda-feira é a terceira registrada em menos de um mês. No dia 22, motoristas, mecânicos e demais funcionários das viações Real e Vila Isabel entraram em greve por atrasos no pagamento de salários, ticket alimentação, férias e FGTS. A paralisação durou dois dias. No início do mês, outra greve já havia ocorrido pelo mesmo motivo, assim como nos dias 16 de setembro e 27 de agosto, quando dezenas de linhas tiveram a circulação suspensa.
Em posicionamento oficial, a Rio Ônibus informou que o consórcio Intersul acompanha o caso junto à Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) e atribuiu o problema à redução no valor do subsídio pago ao setor. A Prefeitura do Rio, por sua vez, afirmou que os repasses estão em dia.
Mesmo diante do cenário de instabilidade no transporte, a Prefeitura confirmou que a tarifa de ônibus será reajustada a partir do dia 4 de janeiro de 2026. O novo valor ainda não foi definido. Atualmente, a passagem custa R$ 4,70, valor estabelecido após reajuste em janeiro de 2025. Além disso, no último dia 19, o Bilhete Único Intermunicipal passou de R$ 8,55 para R$ 9,40, um aumento de 9,44%.
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