Aleister Crowley: A Vida do Polêmico Bruxo Que Marcou o Ocultismo no Século XX

De poeta rebelde a fundador de uma filosofia esotérica, a trajetória de Crowley entre mistérios, magias e escândalos

Foto: reprodução

A trajetória de Aleister Crowley, o bruxo mais famoso do século XX, que influenciou religiões, artes e o ocultismo moderno.

Nascido como Edward Alexander Crowley em 12 de outubro de 1875, na cidade de Royal Leamington Spa, Inglaterra, Aleister Crowley foi uma das figuras mais controversas da história moderna. Rejeitado por uns como pervertido e cultuado por outros como profeta, Crowley desafiou as convenções religiosas, morais e sociais de sua época e se tornou símbolo do ocultismo e da contracultura.

Infância religiosa e o despertar do rebelde
Filho de uma família extremamente religiosa, seguidora da seita cristã Plymouth Brethren, Crowley foi educado sob rígidos preceitos morais. A morte precoce de seu pai em 1887, quando ele tinha apenas 11 anos, marcou profundamente sua vida. A rigidez da mãe e sua educação repressiva o levaram a uma aversão ao cristianismo tradicional, e ele passou a explorar caminhos filosóficos e espirituais alternativos ainda na juventude.

A entrada no mundo ocultista
Já na universidade de Cambridge, onde estudava literatura e ciências exatas, Crowley mergulhou em práticas esotéricas. Em 1898, ingressou na Hermetic Order of the Golden Dawn, uma das mais influentes sociedades secretas ocultistas da época. Lá, adotou o nome Aleister — uma escolha celta que soava mais mística do que seu nome de batismo.

Seu talento para ritualística e magia rapidamente o colocou em conflito com outros membros da ordem. As brigas internas e a busca por poder fizeram com que Crowley se afastasse da Golden Dawn e começasse a trilhar seu próprio caminho espiritual.

A revelação do Livro da Lei e o nascimento da Thelema
Em 1904, durante uma viagem ao Egito com sua esposa Rose, Crowley afirmou ter recebido uma revelação de uma entidade chamada Aiwass. Essa entidade teria ditado o Livro da Lei (Liber AL vel Legis), no qual Crowley registrou os princípios da religião que ele próprio fundaria: a Thelema. A máxima dessa doutrina — "Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei" — tornaria-se um lema da contracultura do século XX.

Viagens, escândalos e a Abadia de Thelema
Nas décadas seguintes, Crowley viajou intensamente — Índia, México, China, França — sempre em busca de conhecimento espiritual e práticas mágicas. Em 1920, estabeleceu na Sicília, Itália, a chamada Abadia de Thelema, uma espécie de templo-comunidade onde ele e seus seguidores praticavam rituais, experimentavam drogas psicodélicas e viviam livremente, longe das normas da sociedade tradicional.

A experiência acabou em escândalo. A morte de um seguidor e os rumores de orgias satânicas chamaram a atenção da imprensa e do governo italiano de Benito Mussolini, que expulsou Crowley do país em 1923.

Os últimos anos e a imagem do 'homem mais perverso do mundo'
A fama de Crowley cresceu tanto por seus escritos místicos quanto pelos escândalos envolvendo drogas, sexo e práticas tidas como satânicas. A mídia britânica passou a chamá-lo de "o homem mais perverso do mundo", um título que ele próprio parecia cultivar com certo orgulho.

Apesar da imagem pública demonizada, Crowley escreveu extensivamente — poesia, ensaios, manuais ocultistas e autobiografias. Entre seus principais livros estão Magick in Theory and Practice e The Book of Thoth, que influenciaram gerações posteriores de esotéricos e artistas.

Crowley morreu em 1º de dezembro de 1947, aos 72 anos, na Inglaterra, isolado e com a saúde abalada por anos de vício em heroína. No entanto, seu legado só cresceria após a morte.

Legado e influência cultural
Nos anos 1960 e 1970, Aleister Crowley foi resgatado por músicos, artistas e pensadores da contracultura. Seu rosto aparece na capa do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos Beatles. Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin, era um colecionador de seus escritos. Até hoje, bandas, escritores e movimentos espirituais continuam citando e reinterpretando a obra de Crowley.

Se para muitos ele foi um degenerado, para outros ele foi um visionário que antecipou o interesse moderno por espiritualidade alternativa, liberdade sexual e autonomia individual.

Entre sombras e luzes, Aleister Crowley permanece como uma das figuras mais enigmáticas do século XX — e continua a ser redescoberto por quem ousa olhar além do véu da história oficial.

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