A Maçonaria - Como surgiu, e oque está por trás desta irmandade secreta?

História, rituais e simbolismos da Maçonaria ainda intrigam o mundo e alimentam teorias que vão da Rosa-Cruz aos Illuminati

O compaço, o esqueadro, e no meio a letra "G", que simboliza, a palavra, "God", Deus, em Ingles. Qualquer pessoa que participe de uma loja maçonica, precisa acreditar em Deus. 



Sociedade discreta com raízes no século XVIII, a Maçonaria é envolta por mistérios, símbolos e teorias – mas carece de provas de conspiração.


A origem da Maçonaria: entre a pedra e o templo

A Maçonaria, como é conhecida hoje, teve sua estrutura formalizada em 1717, em Londres, com a fundação da Grande Loja da Inglaterra. No entanto, suas raízes simbólicas são bem mais antigas, remontando às corporações de pedreiros (maçons operativos) da Idade Média, responsáveis pela construção de catedrais e edifícios religiosos na Europa.

Esses profissionais transmitiam conhecimentos técnicos e filosóficos de forma oral, usando ferramentas e conceitos da arquitetura como metáforas para princípios morais e espirituais. Com o tempo, a Maçonaria se transformou em uma sociedade especulativa, ou seja, passou a aceitar membros não ligados diretamente à construção civil, tornando-se um espaço de debate intelectual, espiritual e ético.

O crescimento e a expansão global

A partir do século XVIII, a Maçonaria se espalhou por diversos países, ganhando popularidade entre políticos, militares, filósofos e líderes de diferentes religiões. Grandes figuras históricas como George Washington, Benjamin Franklin, Simon Bolívar e Dom Pedro I são frequentemente citadas como membros da fraternidade.

No Brasil, a Maçonaria teve forte influência na independência, abolição da escravatura e no processo de proclamação da República. Até hoje, ela se mantém ativa em milhares de lojas (como são chamados seus núcleos locais), mas com discreta atuação pública.

Rituais, graus e símbolos

A Maçonaria é estruturada em graus iniciáticos, nos quais o membro avança à medida que demonstra conhecimento, comprometimento e princípios éticos. Os três graus mais conhecidos são: Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom.

Os rituais de passagem entre esses graus são mantidos em segredo, o que contribui para a aura de mistério em torno da organização. A simbologia também é parte essencial da Maçonaria: o esquadro e o compasso, a estrela flamejante, o olho que tudo vê e a coluna salomônica são alguns dos emblemas presentes em seus templos e documentos.

A maioria desses símbolos tem raízes na geometria, alquimia e na tradição esotérica judaico-cristã, servindo como ferramentas para reflexão sobre o universo, a ética e a espiritualidade do indivíduo.


A Maçonaria e o Ocultismo: entre rituais, símbolos e mitos modernos

Movimentos esotéricos, Baphomet e a tentativa de desvinculação do ocultismo

Maçonaria, Illuminati, Rosa-Cruz e Baphomet são frequentemente associados em teorias conspiratórias, mas o que realmente há de concreto nessas ligações simbólicas e históricas?

A Maçonaria, desde sua ascensão moderna nos séculos XVIII e XIX, sempre carregou consigo um manto de mistério — e, com ele, inevitavelmente, vieram as especulações. Na Parte 1 desta matéria, exploramos as origens e a evolução dessa sociedade discreta. Agora, mergulhamos nas suas conexões simbólicas e esotéricas, muitas vezes interpretadas — ou mal interpretadas — ao longo do tempo.

O simbolismo que ultrapassa os templos


Embora os maçons neguem oficialmente vínculos com práticas ocultistas, é inegável que a organização utiliza símbolos de forte carga esotérica. O olho que tudo vê, o esquadro e o compasso, o G central, os pilares J e B (Jachin e Boaz), e o uso do número 33, por exemplo, evocam interpretações tanto filosóficas quanto místicas.

Tais símbolos, apesar de defendidos por muitos como representações de moralidade e conhecimento, são também associados a conceitos herméticos e alquímicos. A ritualística maçônica, por vezes inspirada em tradições antigas do Egito, de Salomão e da Cabala, reforça essa atmosfera de segredo.

A polêmica figura de Baphomet

Um dos símbolos mais controversos associados à Maçonaria, especialmente por críticos e conspiracionistas, é o Baphomet — uma figura mitológica que representa o equilíbrio dos opostos: masculino e feminino, luz e sombra, céu e terra. Representado com corpo humano, cabeça de bode, seios e asas, o Baphomet foi inicialmente descrito pelos Templários e depois reformulado por Éliphas Lévi, ocultista francês do século XIX.

Embora a Maçonaria não reconheça oficialmente Baphomet como parte de seus símbolos ou rituais, a associação surge a partir do cruzamento entre a tradição maçônica e outras ordens ocultistas que compartilham simbologia semelhante, como a Ordo Templi Orientis (O.T.O.), da qual Aleister Crowley fez parte (e que se ramificou da Maçonaria). Essa intersecção alimenta até hoje interpretações controversas.

Maçonaria, Illuminati e Rosa-Cruz: entrelaçamentos históricos?

Apesar de muitas vezes tratados como se fossem o mesmo grupo, Illuminati, Rosa-Cruz e Maçonaria são movimentos distintos. No entanto, há pontos de interseção:

  • Os Illuminati da Baviera, criados em 1776 por Adam Weishaupt, buscavam influenciar o mundo através da razão e da eliminação da superstição religiosa. Muitos de seus membros também participavam de lojas maçônicas.

  • A Rosa-Cruz, ordem iniciática de cunho alquímico e esotérico, também compartilha com a Maçonaria o uso de símbolos, rituais e o apreço por conhecimento oculto. Alguns ritos maçônicos mais elevados, como os graus filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito, incorporam ideias rosa-cruzes.

Apesar dessas sobreposições simbólicas e históricas, não há provas concretas de que tais ordens atuem juntas em estratégias políticas ou manipulações globais, como sugerem tantas teorias conspiratórias.

A tentativa contemporânea de "descolamento" do ocultismo

Hoje, é perceptível uma movimentação por parte de diversas lojas maçônicas ao redor do mundo para limpar a imagem da Maçonaria diante da opinião pública. Sites oficiais, campanhas e discursos de líderes maçônicos enfatizam valores como filantropia, fraternidade e ética, tentando se distanciar de qualquer associação com práticas ocultistas ou sociedades secretas manipuladoras.

Ainda assim, para estudiosos do simbolismo ou do esoterismo, essa tentativa de desvinculação não apaga os traços de origem hermética, visíveis na arquitetura dos templos, nos rituais e nos discursos de graus mais elevados.

A Maçonaria e Seus Mistérios: Entre o Simbolismo Oculto e a Influência Pública – Parte 2

 As origens das ligações com os Illuminati, Rosa-Cruz e Baphomet, e o esforço contemporâneo pela desvinculação do ocultismo


 Segunda parte da matéria investiga supostas conexões da Maçonaria com sociedades secretas e cultos simbólicos, como Baphomet e os Illuminati.


Ao longo dos séculos, a Maçonaria tornou-se alvo de diversas especulações, muitas das quais envolvem sociedades secretas, cultos e rituais ocultos. Nesta segunda parte da matéria, exploramos as possíveis conexões da ordem com os Illuminati da Baviera, a Ordem Rosacruz e até mesmo o controverso símbolo de Baphomet, desmistificando o que há de fato comprovado e o que permanece no terreno da narrativa conspiratória.

A Maçonaria e os Illuminati: paralelos e confusões históricas

Fundados oficialmente em 1776 por Adam Weishaupt, os Illuminati da Baviera surgiram como um grupo racionalista, crítico da Igreja e da monarquia absolutista. Já naquela época, muitos membros da elite intelectual europeia eram também maçons, o que levou à sobreposição de nomes e símbolos.

Embora ambos os grupos compartilhassem críticas ao dogmatismo religioso e uma estrutura hierárquica, a Maçonaria e os Illuminati possuíam objetivos distintos. Os maçons focavam em desenvolvimento moral e filantropia, enquanto os Illuminati visavam transformações políticas. Ainda assim, essa interseção alimentou, desde então, teorias conspiratórias sobre um suposto plano de dominação mundial iniciado nas lojas maçônicas.

Rosa-Cruz e a busca pelo saber oculto

Rosa Cruz, por vezes, é veiculada a Maçonaria, e para alguns seria um dos braços da Maçonaria.


Outro nome frequentemente associado à Maçonaria é o da Ordem Rosacruz, que remonta ao século XVII e mistura elementos do esoterismo cristão, alquimia e filosofia hermética. Diferente da Maçonaria, que se estruturou em torno de valores morais e simbólicos, a Rosa-Cruz carregava um forte caráter místico e iniciático, com promessas de conhecimento oculto e iluminação espiritual.

Alguns estudiosos defendem que os primeiros rituais maçônicos incorporaram elementos do pensamento rosacruz. Contudo, não há provas diretas de que a Maçonaria moderna seja uma continuação da Rosa-Cruz, embora os paralelos filosóficos e estéticos tenham criado uma imagem de ligação secreta entre as duas ordens.

O símbolo de Baphomet: entre lenda e distorção

Talvez um dos símbolos mais controversos atribuídos à Maçonaria seja o de Baphomet, figura demoníaca popularizada no século XIX por Eliphas Levi, com corpo humano, chifres e asas de bode. A imagem teria sido erroneamente associada aos Templários, e, mais tarde, vinculada à Maçonaria por teóricos da conspiração.

Não há nenhum ritual oficial maçônico que invoque ou represente Baphomet. No entanto, a persistência dessa ligação vem do uso recorrente de simbolismos esotéricos, como o olho que tudo vê, o compasso e o esquadro — símbolos que, embora tenham significados filosóficos dentro da Maçonaria, são facilmente reinterpretados por quem busca narrativas ocultistas.

O esforço de desvinculação do ocultismo

Nos tempos atuais, a Maçonaria luta para ser vista como uma sociedade fraterna, voltada ao aprimoramento humano, à ética e à filantropia. Muitos de seus membros e representantes têm buscado desmentir, de forma pública, qualquer associação com rituais ocultos, cultos demoníacos ou sociedades secretas conspiratórias.

Mesmo assim, a presença de símbolos discretos em edifícios, bandeiras, brasões e moedas continua a chamar atenção — e alimentar interpretações que vão do histórico ao fantasioso.


Maçonaria, Ocultismo e Narrativas Controversas — Parte 3
O Simbolismo Escondido nas Bandeiras e Monumentos: Uma Presença Discreta

Diversos símbolos ligados à Maçonaria estão espalhados pelo mundo, muitas vezes à vista de todos, mas passam despercebidos para a maioria das pessoas.

Elementos visuais como o compasso e o esquadro, o olho que tudo vê, pirâmides, obeliscos e até a estrela de cinco pontas são frequentemente associados à Maçonaria. Alguns destes símbolos figuram em moedas, brasões, fachadas de prédios públicos e, principalmente, em bandeiras nacionais ou estaduais. Um dos exemplos mais emblemáticos é o verso da nota de um dólar americano, com a pirâmide inacabada e o olho de Hórus — considerado por muitos estudiosos como um símbolo de vigilância divina, mas também associado a narrativas esotéricas.

A presença de obeliscos em capitais como Washington (com o Washington Monument) e Paris (com o Obelisco de Luxor na Praça da Concórdia), também é alvo frequente de estudos e suposições. Essas estruturas, segundo interpretações esotéricas, representariam princípios fálicos e solares, herdados das antigas culturas egípcias e reinterpretados por ordens iniciáticas.

Na América Latina, há suspeitas e teorias semelhantes envolvendo o uso simbólico em bandeiras. A bandeira do Brasil, por exemplo, com sua geometria, cores e o lema “Ordem e Progresso” (inspirado no positivismo de Auguste Comte, que influenciou correntes filosóficas também próximas à Maçonaria), já foi alvo de debates simbólicos.

O esforço contemporâneo pela desvinculação do ocultismo

Atualmente, muitas lojas maçônicas e representantes da Maçonaria adotam uma postura mais aberta e institucional. Buscam desmistificar a Ordem e apresentar seus valores como baseados em ética, filantropia, estudos filosóficos e aprimoramento moral. Essa tentativa de “normalização” é uma reação à associação constante com sociedades secretas e conspirações globais.

Entretanto, o sigilo ainda presente em alguns rituais, bem como o uso continuado de símbolos iniciáticos, alimenta a curiosidade e as especulações. Parte da sociedade continua cética, vendo nessa tentativa de distanciamento do ocultismo uma estratégia para manter veladas práticas ou conhecimentos que ainda não estão ao alcance do público geral.

Baphomet: entre o símbolo e a lenda

Outro nome que frequentemente aparece nas teorias envolvendo a Maçonaria é Baphomet. A figura é uma entidade mitológica de aparência andrógina, com cabeça de bode e corpo humano, popularizada pelo ocultista Eliphas Levi no século XIX. Baphomet tornou-se, com o tempo, símbolo de diversas vertentes esotéricas e é frequentemente mal interpretado como símbolo satânico.

A suposta relação entre a Maçonaria e Baphomet é baseada principalmente em documentos forjados e acusações infundadas, como as feitas contra os Cavaleiros Templários na Idade Média. Alguns teóricos argumentam que os maçons herdaram simbolismos templários, e, por isso, a associação teria sobrevivido por séculos.

Contudo, não há evidência documental ou histórica sólida que comprove qualquer tipo de culto a Baphomet dentro das práticas maçônicas tradicionais. A associação persiste mais como elemento de teorias conspiratórias do que como realidade ritualística.

Conclusão da Parte 3

A Maçonaria segue como uma organização envolta em mistérios, símbolos e especulações. Parte dessas suspeitas é alimentada por sua história rica em simbolismo e pela discrição de seus membros. Outra parte nasce da inquietação humana diante do que não pode ser inteiramente revelado ou compreendido. Ainda que muitas alegações careçam de provas, os elementos simbólicos espalhados em monumentos, bandeiras e moedas continuam despertando a curiosidade de quem busca entender o que pode — ou não — estar oculto por trás de uma das organizações mais antigas do mundo.

A Face de Baphomet e as Projeções sobre a Maçonaria
Entidade simbólica ou arma de difamação? A construção do mito por trás de um nome temido e mal compreendido


A imagem de Baphomet, frequentemente ligada à Maçonaria, carrega séculos de mal-entendidos, especulações esotéricas e acusações infundadas.


A figura de Baphomet: da Inquisição aos grimórios modernos

A imagem que hoje conhecemos como Baphomet — uma criatura com cabeça de bode, corpo andrógino e postura meditativa — foi consolidada por Éliphas Lévi em meados do século XIX. Mas sua origem remonta a séculos antes, durante a perseguição aos Cavaleiros Templários no século XIV, quando foram acusados de heresia pela Igreja Católica. Dentre as acusações, estava a adoração de uma entidade obscura chamada “Baphomet”.

Não se sabe ao certo se esse nome foi uma corrupção de “Mahomet” (Maomé) por parte dos inquisidores, ou se se tratava de uma invenção forjada para incriminar os Templários. De qualquer forma, não há provas históricas sólidas de que Baphomet fosse, de fato, cultuado por essas ordens.

A partir do século XIX, Baphomet se tornou um símbolo ocultista reinterpretado por Éliphas Lévi, que o descreveu como representação do equilíbrio entre os opostos: luz e trevas, homem e mulher, bem e mal. Para Lévi, não era um demônio, mas um arquétipo da harmonia universal.

A ligação entre Maçonaria e Baphomet: símbolo ou especulação?

A Maçonaria, enquanto organização iniciática, possui diversos símbolos esotéricos — o esquadro, o compasso, a letra “G”, entre outros. Contudo, não há nenhum registro oficial, ritualístico ou simbólico da presença de Baphomet na Maçonaria regular (ou seja, aquela vinculada às grandes lojas tradicionais, como a Loja Unida da Inglaterra ou o Grande Oriente do Brasil).

Ainda assim, muitos grupos conspiratórios passaram a associar Maçonaria e Baphomet, especialmente a partir do século XX. O bode passou a ser visto como símbolo de pactos satânicos, rituais secretos e domínio global. Essa narrativa foi alimentada por movimentos religiosos fundamentalistas e pela cultura pop — de filmes de terror a discursos apocalípticos de púlpito.

Na realidade, a associação se dá mais por confusão simbólica do que por conexão doutrinária. A presença de elementos dualistas, herméticos e alquímicos tanto na Maçonaria quanto nos escritos ocultistas é que favoreceu essa sobreposição equivocada.

O papel da imagem na criação de inimigos invisíveis

A figura de Baphomet, enquanto ícone visual, é poderosa: provoca estranhamento, desconforto e curiosidade. É justamente por isso que se tornou ideal para ser usada como “prova” em acusações contra sociedades secretas, inclusive a Maçonaria.

Em sites conspiratórios, é comum encontrar fotomontagens e imagens distorcidas onde maçons aparecem ao lado da figura do bode. Muitas dessas imagens são tiradas de contextos simbólicos esotéricos ou foram manipuladas com intuito de gerar medo.

Vale destacar: o bode como símbolo aparece em várias culturas e contextos — do cristianismo medieval ao panteísmo grego, e nem sempre com conotação negativa. No tarô, por exemplo, o “Diabo” também assume forma caprina, mas é um arquétipo de aprisionamento psicológico, não necessariamente uma entidade literal.

Conclusão provisória

Embora Baphomet seja amplamente utilizado em teorias que tentam ligar a Maçonaria a práticas ocultas ou demoníacas, não há qualquer evidência de que essa figura faça parte dos rituais ou princípios da instituição. O que se vê é uma sobreposição simbólica forçada, motivada por medo, desinformação e a necessidade de encontrar “inimigos invisíveis” por trás das cortinas do poder.

Parte 4 – Maçonaria, Baphomet e a construção das narrativas ocultistas

No imaginário popular, poucos símbolos causam tanta inquietação quanto o de Baphomet, figura andrógina com cabeça de bode, corpo humano e elementos esotéricos como as chamas da iluminação, o pentagrama invertido e gestos simbólicos com as mãos. Para muitos teóricos da conspiração, essa figura é automaticamente associada à Maçonaria, como se representasse a “face oculta” da ordem. Mas será que essa ligação realmente existe?

A origem de Baphomet e sua apropriação simbólica

O nome “Baphomet” apareceu pela primeira vez nos registros históricos durante os processos contra os Cavaleiros Templários, no século XIV. Sob tortura, alguns confessaram adorar uma entidade com esse nome, algo que mais tarde foi interpretado como uma acusação de heresia. No entanto, não há provas documentais ou arqueológicas que indiquem que essa adoração tenha realmente ocorrido.

O Baphomet que conhecemos hoje foi concebido pelo ocultista francês Éliphas Lévi, no século XIX. Em sua obra Dogma e Ritual da Alta Magia, Lévi apresentou Baphomet como um símbolo de equilíbrio entre forças opostas: o bem e o mal, o masculino e o feminino, o céu e a terra. Não era uma divindade, mas uma representação alegórica do conhecimento oculto e da unidade cósmica.

Foi só no século XX, especialmente com o crescimento da cultura pop e da difusão de teorias conspiratórias, que Baphomet passou a ser ligado diretamente à Maçonaria — ainda que sem fundamento histórico ou doutrinário real.

Maçonaria e ocultismo: conexões reais ou forjadas?

O Olho que tudo vê aparece em um dos maiores simbolos do capitalismo mundial - As notas de Dólar, moeda americana, trás a imagem clara do Olho que Tudo vê.


Embora a Maçonaria moderna negue qualquer associação com cultos esotéricos ou figuras como Baphomet, o fato de utilizar símbolos, rituais e alegorias deixa espaço para interpretações. A tradição maçônica valoriza o uso de linguagem simbólica, como o olho que tudo vê, o esquadro, o compasso, colunas, estrelas e luzes — elementos que têm ressonância com tradições místicas antigas.

Esses símbolos são, segundo os maçons, ferramentas para o desenvolvimento moral e espiritual do indivíduo, e não dispositivos de adoração ou manipulação. Contudo, a linguagem simbólica tem múltiplas camadas, e é justamente essa ambiguidade que permite interpretações ocultistas por parte de quem busca algo mais profundo — ou conspiratório — por trás da fachada institucional.

O esforço pela desvinculação pública

Nos dias atuais, a Maçonaria vem tentando se mostrar como uma fraternidade filantrópica, racional e desvinculada de qualquer caráter místico ou ocultista. Muitos maçons fazem questão de afirmar que a ordem defende valores como liberdade, igualdade, fraternidade, e não tem ligações com sociedades secretas de domínio mundial.

Entretanto, o passado de discrição e as inúmeras narrativas criadas ao longo dos séculos dificultam esse processo. O mistério, por si só, alimenta as teorias. A ausência de provas definitivas — tanto de conspirações quanto de inocência absoluta — serve como terreno fértil para mitos e suspeitas.

Símbolos maçônicos ocultos no cotidiano

Um dos pontos que mais intrigam estudiosos e curiosos é a presença discreta e estratégica de símbolos maçônicos em locais públicos e objetos do cotidiano. Eles aparecem:

  • Em bandeiras de países, como os Estados Unidos, onde o “olho que tudo vê” está estampado na nota de um dólar.

  • Em arquiteturas públicas, como praças, monumentos e até o traçado de algumas cidades.

  • Em logotipos de empresas, que às vezes usam esquadros, pirâmides ou padrões estelares semelhantes aos encontrados em lojas maçônicas.

Alguns desses casos são deliberados, outros são pura coincidência. Mas a percepção de que há “algo escondido” acaba se reforçando.

A associação entre a Maçonaria e figuras como Baphomet reflete mais a necessidade humana de buscar explicações grandiosas para o desconhecido do que fatos comprovados. Embora os rituais e símbolos da ordem possam parecer enigmáticos, eles fazem parte de uma tradição simbólica antiga que nem sempre tem o sentido que o público imagina. Ainda assim, o fascínio permanece — e é justamente isso que mantém a Maçonaria no centro de tantos debates entre o real e o conspiratório.

Parte 4 – A Maçonaria e o Simbolismo Oculto na Atualidade

Símbolos Maçônicos no Mundo Contemporâneo

A Maçonaria é uma das instituições mais antigas em atividade contínua no mundo, e uma de suas marcas registradas é o uso intenso de símbolos, muitos deles com raízes esotéricas, filosóficas e religiosas. Embora o cidadão comum muitas vezes não perceba, há uma abundância desses símbolos espalhados pela arquitetura, arte pública e até nas bandeiras nacionais.

O esquadro e o compasso, geralmente acompanhados da letra "G", são talvez os emblemas mais conhecidos da Maçonaria. Representam os princípios fundamentais da ordem: moralidade, limites pessoais e o conhecimento. A letra "G" pode significar "God" (Deus), "Geometry" (Geometria) ou "Great Architect of the Universe" (Grande Arquiteto do Universo), que é a forma como os maçons se referem a uma força criadora suprema, independentemente da religião pessoal de cada membro.

Esse simbolismo não é apenas alegórico, mas também ritualístico. Em muitos ritos, os símbolos têm funções práticas, indicam graus de iniciação ou são usados para criar atmosferas propícias ao “despertar da consciência”.

Presença nas bandeiras e na política

Algumas teorias sugerem que há símbolos maçônicos embutidos em bandeiras nacionais, como na dos Estados Unidos, com o Olho que Tudo Vê (o olho dentro do triângulo) sobre a pirâmide na nota de um dólar. Esse símbolo, oficialmente associado à Providência Divina na fundação dos EUA, também está presente na iconografia maçônica e é interpretado como a vigilância constante do “Grande Arquiteto”.

Em outras bandeiras e brasões, como o do Brasil imperial e de algumas nações europeias, o uso de triângulos, estrelas de seis pontas, colunas e compassos também é notado por estudiosos como possíveis heranças ou inspirações maçônicas.

Maçonaria e a tentativa de desvinculação do ocultismo

Hoje, há um esforço notório entre os próprios maçons para desvincular a Maçonaria do rótulo de sociedade secreta. Eles preferem o termo "sociedade discreta", e muitos defendem que a Maçonaria moderna está focada em valores éticos, filantropia e desenvolvimento pessoal, sem qualquer relação direta com práticas esotéricas ou mágicas.

Contudo, o fato de suas cerimônias de iniciação permanecerem reservadas, com juramentos e rituais simbólicos, mantém viva a aura de mistério. Essa dualidade entre o discurso público e os rituais fechados reforça a curiosidade popular e alimenta inúmeras narrativas conspiratórias, ainda que, até hoje, não haja provas concretas que liguem a Maçonaria a tramas de dominação global ou a cultos ocultistas ativos.

Baphomet e os Maçons: mito ou conexão real?

Um dos pontos mais debatidos é a suposta ligação entre a Maçonaria e a figura de Baphomet, a entidade com cabeça de bode, símbolo amplamente associado ao satanismo moderno por influência da Igreja e de grupos anticristãos, mas cuja origem histórica é bem mais complexa.

O nome Baphomet apareceu pela primeira vez nos registros dos julgamentos dos Templários no século XIV, onde os cavaleiros foram acusados de adorar um ídolo herético. Séculos depois, o ocultista francês Éliphas Lévi desenhou a icônica figura do Baphomet como um símbolo da união entre opostos (masculino e feminino, céu e terra, luz e trevas), mais ligada à alquimia e à filosofia hermética do que ao satanismo.

Alguns escritores e críticos associaram essa imagem à Maçonaria, sobretudo em narrativas que tentam ligar os maçons aos Cavaleiros Templários, grupo histórico que, segundo algumas tradições, teria dado origem à Maçonaria moderna. No entanto, a maioria das lojas maçônicas nega qualquer relação direta com Baphomet, considerando essa associação como parte de campanhas de difamação histórica, sobretudo durante os períodos de perseguição à ordem.

Conclusão parcial: entre o real e o imaginário

A Maçonaria continua a ser uma organização envolta em mistérios e equívocos. Parte disso se deve à própria estrutura da ordem, que mantém ritos fechados e simbologia rica, o que naturalmente atrai especulações. Ao mesmo tempo, muitos elementos culturais e filosóficos da Maçonaria influenciaram profundamente a civilização ocidental, ainda que de forma sutil ou indireta.

O próximo capítulo dessa matéria abordará os principais mitos e teorias da conspiração que envolvem os maçons, incluindo as supostas relações com os Illuminati, além de uma análise crítica sobre por que esses temas ainda fascinam tantas pessoas no mundo todo.

Parte 5 – Maçonaria, Illuminati e o Fascínio das Teorias da Conspiração

As conexões entre Maçonaria, Illuminati e sociedades secretas povoam há séculos o imaginário coletivo. O que há de real e o que é pura ficção?


A gênese do mito: Illuminati da Baviera

Grande parte das teorias que envolvem a Maçonaria esbarram em outro nome cercado por ainda mais mistério: os Illuminati. Fundada oficialmente em 1º de maio de 1776, na Baviera (atual Alemanha), por Adam Weishaupt, a Ordem dos Illuminati nasceu com o propósito de difundir ideais iluministas e combater a influência da Igreja e do absolutismo sobre o pensamento racional.

Inicialmente, a ordem cresceu dentro de círculos universitários, usando estruturas semelhantes às da Maçonaria para se organizar: graus iniciáticos, juramentos de silêncio e uma hierarquia interna. De fato, muitos membros dos Illuminati também eram maçons — o que ajudou a fundir as duas ordens no imaginário popular, mesmo sendo organizações diferentes.

A Ordem foi proibida poucos anos depois de sua fundação, em 1785, por decreto do governo bávaro. Contudo, essa proibição alimentou ainda mais as suspeitas de que o grupo não apenas sobreviveu como se infiltrou nas esferas do poder — teoria que persiste até os dias de hoje.

A Maçonaria é parte de uma elite global?

A pergunta que move muitas teorias conspiratórias é: “Quem manda no mundo?” E a resposta que muitos grupos oferecem costuma passar por organizações secretas ou sociedades discretas — entre elas, a Maçonaria.

Autores como William Guy Carr e David Icke ajudaram a popularizar a visão de que os maçons fazem parte de uma elite global que governa nos bastidores, controlando bancos, mídia, governos e eventos históricos. Para esses teóricos, a Maçonaria seria apenas uma “fachada” para grupos mais poderosos, como os Illuminati, os Bilderberg, a Comissão Trilateral e outras entidades geopolíticas.

Por outro lado, estudiosos sérios e historiadores apontam que não há qualquer evidência documental de que a Maçonaria atue como um “governo oculto” global. A maior parte das lojas maçônicas atua localmente, com fins filosóficos e filantrópicos, e muitas sequer se comunicam entre si em nível internacional.

O que existe, de fato, é um forte senso de rede e solidariedade entre irmãos maçons, o que pode facilitar influência pessoal em determinadas esferas. Mas isso não constitui uma conspiração organizada.

Por que tantas teorias? O papel da desinformação e do medo

A ligação entre Maçonaria, Illuminati e outros grupos secretos é alimentada por diversos fatores:

  • Sigilo e ritualismo: quanto menos se sabe sobre algo, mais se especula.

  • Simbologia rica e aberta a múltiplas interpretações: símbolos como pirâmides, olhos, números e estrelas fazem parte tanto do esoterismo quanto de muitos códigos universais.

  • Falta de transparência histórica: muitos eventos políticos de bastidores (como revoluções, mudanças de governo e crises econômicas) são difíceis de compreender, e isso abre espaço para “explicações alternativas”.

  • Influência da cultura pop: filmes, livros e séries frequentemente reforçam a ideia de que há sociedades secretas comandando o mundo — um tema irresistível para o grande público.

Conclusão desta parte

A Maçonaria, embora possua uma estrutura simbólica rica e um histórico de influência cultural, não é — ao menos de forma comprovada — uma organização que atua como dominação secreta global. A sua ligação com os Illuminati se dá mais por sobreposição histórica e por membros em comum em certos períodos, do que por continuidade institucional.


Maçonaria: Entre Rituais, Símbolos e Mistérios

Tentativas de desvinculação do ocultismo e presença simbólica no cotidiano ainda geram controvérsia

Mesmo negando vínculos ocultistas, a Maçonaria preserva rituais e símbolos que alimentam teorias e geram fascínio até hoje.


Rituais, sigilos e a linha tênue entre tradição e mistério

A Maçonaria contemporânea insiste em se mostrar como uma fraternidade ética e filosófica, afastada de práticas ocultistas ou mágicas. No entanto, mantém rituais fechados, juramentos e símbolos carregados de significados esotéricos. A presença de altares, velas, ferramentas simbólicas como o esquadro e o compasso, e a repetição de fórmulas verbais em encontros, perpetuam a ideia de um saber velado.

Ainda que os maçons afirmem que esses ritos são apenas metáforas e pedagogia moral, críticos e curiosos veem nisso traços de sociedades iniciáticas com raízes antigas e, por vezes, ocultistas.


Narrativas e teorias sem provas: entre o fascínio e a conspiração

Ao longo dos séculos, a falta de transparência sobre os processos internos da Maçonaria deu espaço para uma série de teorias conspiratórias. A suposta ligação com os Illuminati, Rosa-Cruz e até com o símbolo de Baphomet — figura demonizada por setores religiosos — circulam na internet, em livros e vídeos. Mas o fato é que nada de concreto comprova tais conexões, restando especulações e alegorias que se alimentam da própria natureza discreta da organização.

O Baphomet, por exemplo, que surgiu na Idade Média e foi mais tarde resgatado por Eliphas Levi no século XIX, se tornou um ícone usado por ocultistas modernos. Embora alguns o associem à Maçonaria, não há documentos históricos sólidos que liguem oficialmente a figura à doutrina maçônica. Mesmo assim, o imaginário popular os entrelaça.


Símbolos espalhados pelo mundo – muitas vezes ignorados

A influência simbólica da Maçonaria é visível, mesmo quando imperceptível para a maioria. Bandeiras nacionais, brasões, monumentos e até a arquitetura urbana em capitais como Washington, Paris e Brasília carregam marcas do esquadro, do compasso, da régua de 24 polegadas, do olho que tudo vê e do obelisco — todos símbolos tradicionais do arsenal maçônico.

O "Olho da Providência" — estampado na nota de um dólar — é um dos exemplos mais notórios. Embora oficialmente represente a vigilância divina, muitos o associam ao simbolismo maçônico. O mesmo ocorre com o uso do número 33, relacionado ao grau mais elevado do Rito Escocês.


O segredo como identidade e estratégia

O que mantém a Maçonaria viva, ao mesmo tempo em que a torna alvo de especulações, é seu equilíbrio entre a exposição seletiva e o segredo ritualístico. A ordem se esforça para se apresentar ao público como uma entidade racional e benfeitora, promovendo filantropia e educação moral. Porém, a manutenção dos mistérios internos é o que mantém seu fascínio — e suas lendas — vivos.

Em resumo, o que está por trás da Maçonaria não é necessariamente uma conspiração mundial, mas um conjunto de tradições simbólicas, esotéricas e filosóficas que, pela sua própria natureza reservada, abrem espaço para múltiplas interpretações.

A SpingRV Noticias, está aberta para qualquer membro da maçonaria, que deseje contestar algo, falar, ou acrescentar algo que tenha sido dito de forma equivocada. A matéria, não tem como objetivo denegrir ou atacar a maçonaria. 

Matéria: William C Simas

Comentários

Colunistas

Enrico Pierro
Enrico Pierro
Tininha Martins
Tininha Martins
William Simas
William Simas

🔔 Fique por dentro das notícias!

Receba as últimas atualizações direto no seu WhatsApp.

👉 Entre no nosso canal agora!

Postagens mais visitadas