FORÇA-TAREFA NO IML IDENTIFICA MAIORIA DOS CORPOS DE CRIMINOSOS MORTOS NA OPERAÇÃO NO ALEMÃO E NA PENHA
Mais da metade dos corpos já passaram por necropsia e começaram a ser identificados no IML Afrânio Peixoto, no Centro do Rio
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| Foto: Ricardo Moraes/Reuters |
Mais da metade dos 117 criminosos mortos durante a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, na última terça-feira (28), já foi identificada no Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio de Janeiro. A ação, batizada de Operação Contenção, é considerada a mais letal da história do estado, com 121 mortos confirmados, incluindo quatro agentes das forças de segurança.
Desde as primeiras horas desta quinta-feira (30), familiares se concentram na porta do IML em busca de informações sobre parentes desaparecidos. Um posto do Detran-RJ foi montado ao lado do prédio para auxiliar no atendimento e acolhimento das famílias.
Durante a tarde, membros da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, da Defensoria Pública e de outras entidades devem visitar o local para acompanhar os trabalhos de perícia e identificação. Técnicos do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) também realizam análises independentes, em meio a denúncias de possíveis execuções e irregularidades.
O procurador-geral de Justiça do estado, Antônio José Campos Moreira, destacou que a análise das imagens captadas durante a operação é essencial para esclarecer as circunstâncias das mortes. A declaração veio após o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, admitir que parte das gravações pode ter sido perdida devido à limitação das baterias dos equipamentos usados pelos policiais.
A AÇÃO MAIS LETAL DO RIO
Com a participação de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, a Operação Contenção teve como principal objetivo desarticular o Comando Vermelho, além de cumprir 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão. Os confrontos mais intensos ocorreram na Serra da Misericórdia, onde dezenas de corpos foram localizados por moradores e levados até a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, para facilitar o reconhecimento.
Moradores relataram cenas de horror e destruição.
“Eu moro aqui há 58 anos. Nunca vi isso. Vai ser difícil esquecer”, disse uma moradora, emocionada.
Outro comparou o cenário a uma catástrofe: “A cidade tá igual tragédia, com corpo espalhado em cima do outro”.
Um residente da Vila Cruzeiro também desabafou: “Isso aqui é algo estarrecedor. Nunca vi isso na minha vida. O que a Vila Cruzeiro precisa é de educação”.
Mesmo quem não perdeu familiares diretos sente o impacto da tragédia. “Não é um dos meus que tá ali, mas eu sou mãe. Sei o que cada um tá passando, porque também já tive uma perda”, relatou uma mulher que acompanhava o mutirão no IML.
A Polícia Civil informou que o acesso ao prédio permanece restrito aos investigadores e ao Ministério Público. Casos não relacionados à operação estão sendo encaminhados ao IML de Niterói. A previsão de liberação dos corpos ainda não foi definida.
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